Terceiro Ato

Tudo começa quando as caixas descem do armário, recém acordadas da poeira de um longo ano. Toda uma sinfonia de cheiros, gostos, imagens e texturas encontram na memória a ignição perfeita para a chamada reação em cadeia de natal. Virginianamente organizados, os enfeites da "festa dos presentes" vão aparecendo um por um compondo o indigesto terceiro ato desta ópera de 365 movimentos. Erguem-se as árvores, acendem-se as luzes e tudo adquire tons coca-cola. Está armado o cenário.

Entro em cena e dá pra sentir na ponta dos meus dedos o ar de fadiga da minha platéia prevendo a lamúria a seguir. Vestindo preto sobre um banquinho de cerejeira, dou início, quase que como a martelada dos magistrados, ao mesmo monólogo trágico e sutilmente otimista de todos os anos. Deleito-me sobre uma longa retrospectiva chorosa de metas não alcançadas, felicidades interrompidas, calamidades ou medos patológicos. Entre uma lástima e outra as vezes acerto uma gargalhada doentia vinda dos ecos da piada alheia que me serve apenas para pontuar com brilhantismo o ar abafado de insanidade depressiva do solo-monólogo que vocalizo. A platéia, meio assustada meio rancorosa, avivam os olhos antes cerrados num semi estado alfa tentando compreender o motivo do estardalhaço. O fazem bem a tempo de perceber o fantasma com quem protagonizava já há algum um tempo. Meio incrédulos da coincidencia, visto que é uma opera e temos um fantasma, empertigam-se na poltrona interessados. Sinto que recuperei o fio da meada.
Discorro sobre como fui tragicamente ceifado, privado de braços maternos e de como isso engasgou o cano de escape de mim. Explico que, engasgado, acumulei e sobrecarreguei sentimentos que pesaram mais tarde, ou nos ultimos tempos. De repente, cansado de carregar nos ombros o peso da eloquencia, atirei-o no caminho e estiquei com prazer a coluna martirizada. Livre de grandes responsabilidades, deixei que tudo ficasse a encargo do acaso. Mas ninguém vive sem responsabilizar-se pela própria vida, e a vida é suficientemente densa para ser atirada de lado. É nesses momentos cruciais do continuum que pensava quão diferente tudo poderia ser, caso o ser ao meu lado não se enquadrasse como manifestação do quarto estado da matéria. Então o palco alaga-se nas lágrimas não choradas do caminho desviado, da não correspondência entre a antiga pretensão e a atual realidade. E nesta hora em que a pele dos pés descalços engilhesse sob o sal e a água, chegamos ao ponto chave que abrirá todas as portas. O engolir em seco da platéia em consonancia com a respiração aprisionada me satisfaz. Eis aqui algo inédito às retinas viciadas.
A nostalgia remanesce do completo abandono do verdadeiro cerne da questão. Não se trata de carências, de medos, de infelicidades. Trata-se de reconhecer-me em mim mesmo. Não se pode ser o que sua natureza não suporta ou pressupõe. Negar-se é o problema. Tenho me negado numa tentativa desesperada de retidão, sem transtornos, e de facilidades. Mas tenho pagado o preço da superficialidade, do vazio e da ausencia de significados consistentes. Mas como se ressurge dentro de si próprio? Como se não é o que é? Sinto que preciso voltar no tempo, recuperar memórias e valores para ressignificar-me. Reconstruir-me. Ou melhor, conhecer-me a mim mesmo.
Isso Sócrates disse há muito tempo, eu deveria saber.
A platéia está a plenas ouvidos.

(sem título)

O que me assusta... é que a vida está passando.

Réquiem

Eu não sei se Deus tem alguma influência sobre a vida dos seres irracionais. Não sei se há um paraíso de alívio para aqueles que morrem e é até meio estranho imaginar um paraíso para animais. É que os cães, e o meu em especial, são tão cheios de sentimento quando olham, quando esfregam-se na perna buscando carinho, ou quando latem em reclamação, que sinto que ali dentro deles sobrevive uma alma.
Como eu poderia dizer que é irracional o meu cachorro ter chorado durante a noite com saudade de sua mãe, ainda quando era filhote? Que é irracional desistir de comer e amuar-se num canto somente pela ausência demorada de seu dono?
Isso não é irracionalidade e nem muito menos é racional, porque é sentimento.
É injusto pensar que seres dotados de sentimentos como estes estejam relegados ao descaso de Deus e da vida.
Renzo... Era esse o nome que costumava ser o do meu cachorro.
Renzo passou a fazer parte da família num momento em que um de seus integrantes partia pra sempre. Não digo que ele amenizou nenhuma dor, porque não existe amenidade em perder um ente tão querido como uma mãe. É uma perda dura e ressecada pelo sal das lágrimas.
Mas Renzo, de certo, tornou-se a calma e apoio necessário àqueles momentos fadados de desespero. Acariciar seu pelo tornou-se terapia e cuidar de sua vida transformou-se numa missão muito bem-vinda.
Vê-lo crescer com vigor e juventude foi constatar também a suavização da perda. A passagem de sua vida inegavelmente marca, na minha e de toda a família, o transcorrer do tempo que com alguma maestria foi capaz de tornar cicatriz o que era ferida aberta.
Com uma personalidade leve e brincalhona, que é peculiar aos labradores, fez muitos dos nossos dias mais felizes. Seus latidos pontuais as seis da manha acordava o dono não somente do sono mas também da vida adormecida. Suas necessidades de sair para a rua, empurrava para o mundo as pessoas que o guiavam. Sua presença no portão de entrada vindo receber quem chegava, soube fazer esquecer por um tempo quem estava faltando no sofá da casa.
Irmão e filho, Renzo incubiu-se sem saber da tarefa de preencher o grande vazio que habitava nossas mentes e almas. Não posso dizer que preencheu de todo porque esse vazio é perene, mas de certo tornou menos profundo.
Renzo falece nesse dia com muito pouco do que foi em sua glória. Estava magro, mal andava e eu quase não podia encontrá-lo quando o encarava nos olhos. Ele somente chorava e latia numa batalha que não conseguia compreender mas que era a batalha travada entre a vida e morte. E vê-lo assim foi também reviver os dias trágicos que precederam a ida da nossa alma gemea. Vê-lo sem andar em busca de asas, é como relembrar o brado que conclamava o alçar vôo.
É claro, muito óbvio, que Deus rege todas as criaturas. Seus designios trouxeram Renzo para nossa família quando haviamos sofrido perda. E agora que estes mesmos designios o carregam para longe, devo compreender que isso só pode significar uma mensagem do próprio Deus. O que acontece é que o tempo passou exatamente como deveria passar e agora tudo deve voltar ao seu eixo.
Com missão cumprida damos adeus a este que fez parte da família por todos esses anos. Com um sentimento de negligência por te-lo as vezes esquecido num canto e até de ter me irritado algumas vezes com este ser que me foi precioso, me despeço com muito pesar e tristeza do maior e mais nobre animal que conheci.

Adeus meu querido amigo, obrigado por tudo.

(título)

Não se pode dizer que eu sou um garoto normal, que anda com gente normal e que deseja o que todo mundo deseja. A carater de constatação inicial: eu sou verde.
É isso aí. Mas apague logo esse alienígena que a sua mente sem originalidade deve ter criado. Eu sou normal igual a você. Exceto que, bem... como eu disse, eu sou verde.
Mas é um tom bonito. Não é um verde forte como de uma planta. No escuro você nem diria que eu sou verde. Quer dizer, se eu não tiver comido batatas no almoço. É que... eu sei que isso vai soar mais estranho do que ser verde, mas eu fico incandescente quando como batatas. É algum tipo de reação química ou sei lá o que. Minha mãe tinha comido batatas no dia em que me deu a luz. Bom, o que eu posso dizer... Ela realmente deu a luz.
Espero que você não esteja rindo disso que é trágico e nem um pouco cômico. Passei toda minha vida sendo ridicularizado por causa da minha cor. Na escola ninguém chegava perto de mim achando que de alguma forma iam pegar a minha "doença". Ser verde não é uma doença, a gente simplesmente nasce assim.
Quer dizer, eu nasci assim.
As vezes eu fico pensando. Tem gente que é rosa, branca, amarela, até marrom...
Qual o problema em ser verde?
Houve um tempo em que eu queria ser normal, igual a todo mundo. Hoje eu sou diferente. E vendo-me aqui na iminencia de fazer o que deve ser feito, esboço essas palavras que talvez sejam minhas últimas. Escrevo aqui para que fique registrado, para que minha história seja contada e para que, quem sabe, sirva de inspiração para todos aqueles que são marginalizados do mundo.
Eu sou verde e, parando bem para pensar, agora isso faz todo sentido.


(aos leitores deste blog, a licença para continuar...)



Baco... és Baco!
Tu que germinaste em ventre condenado
Que não suportou o peso da ira de Juno
E o extase da luz de Jupiter

Foste tu que nasceste da coxa deste
A quem os gregos chamavam de Zeus
Tu, que és filho da mortal Sémele
Criado no berço das ninfas e das horas

Cresceste sob a sombra
Cercado dos galhos viçosos de vides
Descobriste aqueles maduros cachos de uva
Que com tuas mãos tenazes extraiste o suco

Oh Baco! Desde tua luz foste amaldiçoado
Sobre ti repousava infalível os olhos de Juno
Que ao ver-te aprender o fabrico do vinho
Te condenou à loucura, deixando-te a vagar

Mas as curvas do tempo te salvaram
E foste encontrado por Cibele, mãe de Jupiter
Que te curou do mal que te abatia
E deixou-te a repousar em límpidos campos

Mas se as mulheres não esquecem a traição
A rainha do Olimpo fez dela o seu sol
E mais uma vez te atentou
Fazendo-te prisioneiro de piratas sem escrúpulo

Ora, mas tu és Baco!
Os Deuses te socorreram
Transformaram teus captores em delfins
E tu fizeste florecer a uva perto do mar

Ah! Inebriam-se os homens em teu líquido
Cultua-se teu fruto nos campos
E tua imortalidade é presenciada
Pois morres no inverno e vens renascer na primavera...

Ah Baco! Juno não toca os protegidos de Jupiter
Regozija-te em tua corte de vinho e luxo
Embriaga-te no prazer eterno de Ariadne
Aquela que desposaste na ilha de Naxos

Derrama sobre os homens o vinho
Faz-te sentir na alegria do ébrios
Faz-te escutar nos gemidos dos orgiáticos
e na voz dos bardos que não dormem

Baco...és Baco!
Ouço-te em todos os bacanais
Sinto teu toque leve e quente
A lascivia dos teus lábios

E tudo isso eu vejo, sinto e escuto
Baco, oh Baco!
Somente quando bebo teu vinho
E inebrio-me em teus salões!

sinestesia

Oceano. Os pés enterrados na areia fria... Vento balançando o cabelo.
Solidão.
Há alguns minutos atrás um barco surgiu deslizando na água. Atravessa imperceptivel, o mar. Ele pode me ouvir? Será que ele me leva?
O som é calmo. As ondas reverberam nas paredes negras do universo e eu as escuto. Eu vejo o sol tocar seus dedos sobre o mar para sorrir o azul do céu.
Uma gaivota joga conversa fora ali do lado. Voa fácil zombando da minha falta de asas.
Estiro a lingua pra ela.
De repente começou a surgir gente por aqui. Duas crianças apareceram longe, uma com bola de futebol embaixo do braço. Atras de mim escuto um grupo de jovens fazendo algazarra.
Me levanto.
Tiro a camiseta, coloco areia em cima dela para não voar.
Ando para o mar.
A água está gelada, meus músculos reclamam. Entro sem muito barulho, sem muito movimento. Não há ondas agora.
Mergulho a cabeça. Aqui é tão seguro. Escuto... Um ruído que não é barulho, não é som. É a engrenagem do mundo.
Volto a superfície e reconheço sons que não havia percebido. Um carro de som na avenida muito longe toca uma música qualquer. Viro-me de costas para o oceano. Lá estão os prédios. Vejo o meu logo ali na frente. É grande e sujo.
Faço ondas com a mão e rodopio as vezes como uma criança dentro d'água.
Umas ondas pequenas movem meus braços soltos.
Nado para o fundo. É mais gelado aqui.
Meus pés não tocam o chão. Estou voando no mar.
Boio.
Deixo que a correnteza me carregue e o sol me aqueça. A água entra no meu ouvido.
Adormeço.
Acordo num susto, mergulho o corpo na água. Sinto frio.
Não vejo a praia, não vejo ninguém.
Me desespero.
Nado a esmo, sem saber pra onde estou indo e sem tampoucou chegar a qualquer lugar.
Tento entender.
Será que é aqui que chego ao fim?
Será que é aqui, impregnado de oceano, onde entregarei a inércia do meu corpo a este mundo que me foi adverso?
Ora que seja.
Sobrevivi à vida, de certo estarei vivo depois de morto.
Boio.
A correnteza me carrega, afundando minha vida nos seus braços.
E aqui nesta cama azul onde minha mente cansada de pensar descarrega seus últimos impulsos e meu corpo treme perante a súbita constatação de que enfim minha hora chegou ... eu me permito.
Permito-me olhar sem medo para a luz intensa do sol.
Ela queima o filme da minha vida. Todas as fotos, todos os momentos. Todos rebobinados e queimados. Alguns que nunca cheguei a revelar.
Queima meus olhos e abre as portas para minha alma aprisionada alçar vôo.
Vejo a gaivota.
Ela acente com o bico.
Migramos juntos para as terras mornas onde há luz, onde há paz.
E tudo, enfim...

é silêncio.

Metodologia Científica I

Acho que durante nossas vidas acontecimentos que valham a pena ser ditos, no sentido de acrescentar às pessoas, é uma coisa que contamos a dedo. Sempre empenhados em objetivos pouco relevantes para nosso crescimento como seres humanos acabamos percorrendo um caminho de evolução muito lento, marcado por uns raros eventos de grande significado.
Mas se existe algo assim em minha vida, certamente tem a ver com a morte da minha mãe. Acho que descrever como todo o processo culminou no fatídico 28 de Março do ano de 2002 não é exatamente importante. Quando se perde uma pessoa, por incrível que possa parecer, o pior não é a morte em si. A grande dificuldade de uma perda, em especial a de uma mãe, é o grande caos no qual sua vida se transforma logo após.
Eis a conjuntura: cinco filhos dependentes e um pai cuja voz eu pouco tinha ouvido durante minha vida até aquele momento. Minha mãe sempre foi naturalmente a grande mediadora do lar e, portanto, o equilíbrio. Quando ela morreu fomos obrigados a ser auto-suficientes. Cada um de nós estava abalado demais para lidar com os problemas uns dos outros, até porque não sabíamos direito nem como lidar com os nossos. Em outras palavras, éramos todos filhotes de pássaro atirados para fora do ninho sem nenhuma idéia de como voar.
E lá, bem no meio dessa queda livre, estava eu nos primeiros dias da minha sétima série, no auge de um conflito interno e sendo obrigado a lidar com situações muito maiores que um garoto de 13 anos. Tinha duas opções: enlouquecer ou enfrentar tudo de uma vez. Enfrentei. Chorei demais, errei demais e também perdi demais. Fui e sou um adolescente com uma mentalidade velha demais para a minha idade porque fui forçado a amadurecer cedo demais. Penso em casamento, quando deveria estar pegando adoidado por aí; penso em como retardar o tempo, quando não deveria nem saber o que é relógio; e penso em como seria ter uma mãe, quando os outros sabem exatamente como é.
É interessante como a vida sempre arranja uma forma de conseguir o que ela quer, mesmo desse jeito mais difícil. Mas é tudo uma questão de perspectiva. Posso parecer frio por pensar assim, mas se minha mãe não tivesse partido não seria a pessoa mais forte e melhor que sou hoje. Não fosse isso, ainda existisse um abismo entre eu e meu pai; eu não soubesse que a felicidade não é um sentimento que surge quando pedimos, mas um estado que alcançamos quando realmente queremos e buscamos. Talvez nunca chegasse a descobrir como superar uma das maiores perdas que alguém pode enfrentar, e saber que a morte é somente uma etapa do caminho. Não seria quem sou hoje e não estaria neste lugar que estou e agradeço por estar.
Sinto sim a ausência de uma mãe. Mas eu aprendi que durante nossa jornada invariavelmente sofremos muitas perdas. Todos os dias somos desfalcados de alguma forma. Seja o tempo que arranca um dia da sua vida, as chaves que você nunca irá encontrar, ou alguém. O que realmente importa é o que você faz quando perde. O que importa é se você permanece na eterna procura do que nunca achará ou se aceita, solene, a perda.
E aqui vai a dica: aceite. Porque quando aceitamos automaticamente reconhecemos que nunca estivemos destinados a possuir. E isto é o primeiro passo para libertar-se, superar, e deixar que a vida lhe dê novos ganhos. Acho que isso é uma coisa que vale a pena ser dita.

Romântico na segunda geração



Jogo-me hoje, aqui nesta cadeira, para escrever novamente em mais um retorno nem um pouco triunfal a este blog fadado ao abandono.
A grande novidade é que sofri efeitos de mais uma revolução na minha vida e que tudo que aconteceu entre a meia noite e as quatro horas daquela madrugada repercute até hoje. E na verdade, repercutirá por muito tempo.
O que não é novidade é que sofro disso que foi a grande razão da maior parte dos textos que se pode encontrar aqui. Sofro, logicamente, de amor.
Não tenho vergonha de dizer, porque todo mundo sem exceção vive ou já viveu isso que estou vivendo, embora a frequencia com que isto acontece comigo revele que sou uma exceção de alguma forma. Mas não é isso que vem ao caso, não hoje.
Hoje o que ficará registrado para sempre aqui neste blog é tudo o que estou sentindo agora, que é exatamente a mesma coisa que vou sentir por várias e longas horas.
Não me importa se esse texto será o maior de todos e o mais difícil de se começar a ler. Quero somente me auto confessar nisso que é a expressão mais perto do alto e bom som que consigo alcançar.
Amo. Amo muito, sem remédio. Sou louco, pirado, apaixonado. Morro por amor e vivo de amor. Sou amor até a última gota do meu sangue e até o último verso da minha alma. As músicas que canto são de amor, e as que não são canto apenas pra esquece-lo.
Amo e sou invariavelmente malogrado na minha busca incansável de solidificar esse sentimento... Mas o amor é mesmo líquido, se esvai, não importa onde esteja. E sou burro o suficiente pra acreditar, todas as vezes, que não... que ele está logo ali na ponta dos meus dedos. Mas na ponta dos meus dedos não há nada se não essas letras que digito às pressas com a vontade infame de atirar-me no mundo, sem dono, sem pensar e sem sentir. Jogar-me na multidão, no meio das luzes frenéticas e dos sons corrompidos, e por ela ser tragado, sugado e exaurido. Jogar-me de modo que assim esqueça por alguns segundos apressados qual é a razão daquele lugar ser o meu "ao redor", e daquelas pessoas serem minhas companhias. É disso que tenho vontade aqui nessa hora. Mas não seria mesmo muito tragico derramar lágrimas quando experimento essas línguas que nunca vou falar?
Seria...
É.
Primeiro foram dois. Tres, quatro, dez... Tantos quanto fossem preciso pra esquecer. E acho que isso é como uma droga que você cheira, que você injeta. Precisa de mais, sempre mais, cada vez que por ela você procura...
Ai chega uma hora que 20, 30 ou 40 não fazem qualquer diferença. E você lembra... Ah sim, você lembra...
Lembra das pequenas e borradas imagens das coisas que quase foram mas não são. Depois de ter vivido o nada absoluto por tanto tempo, você finalmente deixa-se cair no meio fio violentamente invadido pelos sublimes pensamentos que há muito tempo não te invadiam. E nesse torpor extasiante que te faz perder as forças e fechar os olhos, você se reconhece. Se encara de frente, como se numa alucinação remanescente do estado esquizofrênico anterior. Olha pra si e vê a pequena parte de si mesmo que você se tornou. Tudo por causa do amor.
Amor?
Loucura.
Amor é uma loucura. Não me venha com a história de paixão... Poupe-me disso.
Mas o pior de tudo... O pior de tudo é quando você permanece no meio fio. Espera que a noite passe em sua intrigante falta de luz, ali deitado, inerte, quase dado por morto. Mas não é mesmo isso que acontece quando amamos e não somos amados? Morremos, porque um amor que não se completa não sabe viver sozinho. Aos poucos cansa, se enfraquece e morre. E se você é como eu, reles ser humano que vive por amor e o respira 60 minutos por hora.... Então você morre.
E a morte é o fim de quem ama. Não é mesmo isso que diz aquele verso?
"Quem sabe a morte fim de quem ama..."
Não é a morte de outra pessoa... Nao nao...
É a morte de si próprio. Porque quem é amor, está eternamente fadado a morrer.
Angústia de quem vive...
Quem vive em solidão, na verdade agoniza. Morre aos poucos...
Morro, de pouco...
A cada segundo que o relógio marca, eu morro.
Desfaleço, sempre que lembro.
E nesse desfalecer, que me deixa nesse piloto automático, ou que me provoca essa bipolaridade repentina, vivo essa quase vida.
hm...
Mas perceba... Entenda bem isso que digo...
Não são essas as confissões que os travesseiros escutam nas noites mal dormidas. Essas não são as lágrimas que as mãos frias dissipam. Não são as palavras recitadas no ombro, nem tampouco são os gestos que se perdem no ar estático de um quarto fechado.
São palavras duras, áridas...
Mortas de sede.
Palavras que suplicam aquilo que...
Aquilo que inegavelmente, não bebem!

Réquiem

Eu não sei se Deus tem alguma influência sobre a vida dos seres irracionais. Não sei se há um paraíso de alívio para aqueles que morrem e é até meio estranho imaginar um paraíso para animais. É que os cães, e o meu em especial, são tão cheios de sentimento quando olham, quando esfregam-se na perna buscando carinho, ou quando latem em reclamação, que sinto que ali dentro deles sobrevive uma alma.
Como eu poderia dizer que é irracional o meu cachorro ter chorado durante a noite com saudade de sua mãe, ainda quando era filhote? Que é irracional desistir de comer e amuar-se num canto somente pela ausência demorada de seu dono?
Isso não é irracionalidade e nem muito menos é racional, porque é sentimento.
É injusto pensar que seres dotados de sentimentos como estes estejam relegados ao descaso de Deus e da vida.
Renzo... Era esse o nome que costumava ser o do meu cachorro.
Renzo passou a fazer parte da família num momento em que um de seus integrantes partia pra sempre. Não digo que ele amenizou nenhuma dor, porque não existe amenidade em perder um ente tão querido como uma mãe. É uma perda dura e ressecada pelo sal das lágrimas.
Mas Renzo, de certo, tornou-se a calma e apoio necessário àqueles momentos fadados de desespero. Acariciar seu pelo tornou-se terapia e cuidar de sua vida transformou-se numa missão muito bem-vinda.
Vê-lo crescer com vigor e juventude foi constatar também a suavização da perda. A passagem de sua vida inegavelmente marca, na minha e de toda a família, o transcorrer do tempo que com alguma maestria foi capaz de tornar cicatriz o que era ferida aberta.
Com uma personalidade leve e brincalhona, que é peculiar aos labradores, fez muitos dos nossos dias mais felizes. Seus latidos pontuais as seis da manha acordava o dono não somente do sono mas também da vida adormecida. Suas necessidades de sair para a rua, empurrava para o mundo as pessoas que o guiavam. Sua presença no portão de entrada vindo receber quem chegava, soube fazer esquecer por um tempo quem estava faltando no sofá da casa.
Irmão e filho, Renzo incubiu-se sem saber da tarefa de preencher o grande vazio que habitava nossas mentes e almas. Não posso dizer que preencheu de todo porque esse vazio é perene, mas de certo tornou menos profundo.
Renzo falece nesse dia com muito pouco do que foi em sua glória. Estava magro, mal andava e eu quase não podia encontrá-lo quando o encarava nos olhos. Ele somente chorava e latia numa batalha que não conseguia compreender mas que era a batalha travada entre a vida e morte. E vê-lo assim foi também reviver os dias trágicos que precederam a ida da nossa alma gemea. Vê-lo sem andar em busca de asas, é como relembrar o brado que conclamava o alçar vôo.
É claro, muito óbvio, que Deus rege todas as criaturas. Seus designios trouxeram Renzo para nossa família quando haviamos sofrido perda. E agora que estes mesmos designios o carregam para longe, devo compreender que isso só pode significar uma mensagem do próprio Deus. O que acontece é que o tempo passou exatamente como deveria passar e agora tudo deve voltar ao seu eixo.
Com missão cumprida damos adeus a este que fez parte da família por todos esses anos. Com um sentimento de negligência por te-lo as vezes esquecido num canto e até de ter me irritado algumas vezes com este ser que me foi precioso, me despeço com muito pesar e tristeza do maior e mais nobre animal que conheci.

Adeus meu querido amigo, obrigado por tudo.




Prólogo

Centro da cidade, meio fio, adolescente loiro e descalço, 13:40.

Se tem uma coisa muito importante que aprendi nos meus verões de sol a pino, foi pisar no branco. Se você foi uma daquelas crianças que fazem corrida pra ver quem chega no mar primeiro, deve ter sido também o tipo que sempre esquece de levar as sandálias pra praia. Isso certamente significa que quando você decide voltar pra casa já é uma hora da tarde e o chão parece mais uma chapa quente do que qualquer outra coisa. O segredo é pisar no meio fio. Boa parte dos meios fios são brancos e o branco é naturalmente o canto mais frio da calçada.
Acho que essa é uma ótima última lembrança que uma pessoa poderia ter. Vendo-me ali em pleno centro "fervilhante" da cidade, pisando e procurando por brancos, detestaria estar queimando meus pés no asfalto preto. Apesar que não faria muita diferença porque...
Ah, a propósito eu estou correndo.
Sim...Consegue ter a imagem disso? Um muleque de cabelos loiros reluzentes correndo ladeira abaixo enquanto tenta equilibrar-se num meio fio. Vou cair dentro de uns poucos segundos. E se eu preciso mesmo ser sincero com você vou me jogar no asfalto... agora.

Hospital Santa Clara, cama reclinável, garoto loiro e descalço, 23:53

- Acho que ele tá abrindo o olho mãe... - reverberou uma voz grave e qualquer coisa rouca.
- Está? Pedro, meu pintinho como você está?

A primeira sensação que tive ao acordar foi que minha cabeça estava latejando, muito embora não sentisse dor. A julgar que reconheci as vozes que me importunavam logo ali do lado, dei-me conta muito decepcionado que não sofria de amnésia.
- Acho que ele ainda tá meio grogue - uma voz masculina falou do outro lado - Pedrinho, cê tá bem veio?
- Hm... Acho que sim - falou Pedro quase sem voz.
- Oh, graças a Deus! - aliviou-se a única voz feminina do quarto.

Essa é a parte em que minha mãe é acometida do que nós, eu e meus irmãos, chamamos de MDH, um hormônio terrível e altamente instável. Naturalmente MDH é um diminutivo para Mudança Drástica de Humor.

- Seu muleque, o que você tinha na cabeça se atirando na rua!!! Você quer morrer seu pestinha? Deixar sua família assim? Deixar sua mãe lamentando-se a vida inteira? O que é que você estava pensando pelo amor de Deus?

Presumo que não apenas minha mãe, em sua ira habitual, gostaria de saber o que me deu na cabeça (e aliás doeu muito) como você que lê minha história deve estar se perguntando o que é que significa tudo isso. Por que, afinal de contas, eu estava descendo uma avenida, correndo descalço num meio fio para depois me jogar na frente dos automóveis?
Bom, antes de tudo, não foi um suicídio.
E receio que para responder a essa pergunta tenha que voltar alguns dias atrás na minha vida, onde tudo teve um inicio para finalmente alcançar a minha primeira experiência de quase morto.
Prometo tentar ser breve.
Bem, breve na medida do possível, pois na minha vida nada foi tão demorado.

Procura-se Desesperadamente (parte II)


[procura-se desesperadamente alguém para cantar/tocar comigo] 

G
You're a part time lover and a full time friend
Cmaj7
The monkey on you're back is the latest trend
G Cmaj7
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

G
Here is the church and here is the steeple
Cmaj7
We sure are cute for two ugly people

G Cmaj7
I don't see what anyone can see, in anyone else

But you

G
We both have shiny happy fits of rage
Cmaj7
You want more fans, I want more stage
G Cmaj7
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

G
You are always trying to keep it real
Cmaj7
I'm in love with how you feel

G Cmaj7
I don't see what anyone can see, in anyone else

But you

G
I kiss you on the brain in the shadow of a train
Cmaj7
I kiss you all starry eyed, my body's swinging from
side to side
G Cmaj7
I don't see what anyone can see, in anyone else
But you

G
The pebbles forgive me, the trees forgive me

Cmaj7
So why can't, you forgive me?

G Cmaj7
I don't see what anyone can see, in anyone else

But you


G
Du dududu dududu du dududu
Cmaj7
Du dududu dududu du dududu
G Cmaj7
I don't see what anypne can see, in anyone else
But you

"Anyone Else But You - Moldy Peaches"



Chuva de mim

Então é isso.
Estou à beira de completar duas décadas de, vida eu acho... E tem uma chuva desabando lá fora.
Tenho dois ou três assuntos para resolver, ou decidir.
Ontem decidi a cor da parede do meu escritório e nem tenho certeza se eu vou gostar dela quando estiver pintada..
Tenho a impressão que minha alergia voltou, e não sei como fazê-la parar.
Uma das minhas poucas certezas é que tudo está mudando. Quando é noite e eu estou olhando pro teto imaginando qualquer coisa sem finalidade, tenho a impressão que eu consigo escutar a engrenagem do tempo, começando a girar uma nova hora de um ano diferente.
Tudo é tão mais profundo e complexo do que se pode crer... Existe tanta coisa calada por trás de um meio sorriso, entre um olhar e outro. Há tanta coisa não dita do mundo... Silenciadas, seja pelo medo ou por vontade própria.
Eu mesmo, tenho tanta coisa que não digo por razões que eu mesmo nem sei... Sou incapaz de formar palavras sonoras que digam tudo que vive gritando aqui por dentro.
Ai eu fico nessa procura louca e incansável de achar aquele olhar que vai sustentar o meu, numa meia eternidade de poucos segundos. Acho que você que lê esse texto sem função deve entender que olhar é esse... Aquele que desencadeia uma reação tão inconsolável e rebelde que não deixa fazer nada que não seja permanecer na inquestionável certeza daqueles olhos...
O que acontece depois, todo mundo já sabe...
E não poderia explicar, ainda que quisesse muito.
Há tanto que se aprender. Tanto que se experimentar, pra que o erro venha e o acerto aconteça.
Há tanta coisa entre um número e outro... É natural que também haja o infinito entre eu e...
Não importa.
O que importa é o que a chuva veio dizer... Ela só diz a verdade e traz tudo pra superfície.
Tudo está inundado agora.
E a chuva parou.

Qualquer coisa do meu dia

Bom. Agora eh fato que eu estou malhando de verdade
[aplausos calorosos]
Conformei-me em ir a pé todos os dias para academia. Acho que dá quase um quilometro ou menos.
O sol é aquele que pinga raios de luz liquida de tao quente que é. Hoje fui de preto... Que bela de uma idéia essa viu... Mas era a única blusa que combinava com a minha bermuda. Temos que fazer esses pequenos sacrificios as vezes.
Como sempre acho que o homem da esquina tem um walkie-talkie com a qual se comunica com o outro homem subindo a ladeira numa carroça para me assaltar, faço percurssos diferentes para dias e horas diferentes. Esse é mais um dos meus complexos.... "Complexo de Conspiração"
Meus pesos continuam muito simbólicos ainda. Mas isso é temporário...
Ah, mas seria muito mais fácil de malhar se tocasse músicas legais sempre. Teve um dia que tocou um remix ultra legal de "it's rainning men" que eu até fiz mais abdominais do que o necessário. Mas tem dias que tá tocando cada coisa frustrante que nem dá vontade de nada...
Engraçado é o percurso de volta. Tem uma casa onde tres velhinhas estao sempre sentadas juntas tagarelando muito. Chego perto e cai um silencio mortal... Ai basta eu passar elas voltam a falar num dialeto que juro que eu não compreendo! Foi um dia desses que caiu a ficha. Elas são alienígenas. E são vizinhas do papagaio que mencionei num post anterior!
São três velhinhas. Três marias? Sim, seria muito conveniente... Por causa daquelas três estrelas alinhadas no céu que chamamos três marias. Na verdade aquilo é o Cinturão de Órion e o cinturão de órion tem tudo a ver com alienígenas.
Mas enfim...
É muito bom quando chego em casa pra tomar minha mistureba de pó de não sei das quantas, com protína de nao sei o que com aminoacido pra lá de beirut. Meto logo muito chocolate em po, leite condensado, banana, canela e até capuccino! kkkkkkk fica uma delicia... Ganha de longe pro frapuccino da starbucks certamente.
Ai quando é no dia seguinte acordo pontualmente as nove horas da manha (mentira!) e saudar o sol e praticar minha yogazinha. As vezes fico potencialmente feliz, outras vezes mais reflexivo, ou então somente normal. Mas a hora de relaxar depois de praticar as ásanas é de se chegar ao nirvana kkkkk doses de endorfina liberadas em corrente dando aquela sensação de prazer misturada a uma paz interna e intangível. Mas só as vezes isso acontece... É, porque na maioria das vezes ou meu labrador mete o fucinho nas minhas pernas pra eu alisar ele, ou entao vem algum grito da cozinha do tipo: "Ô Du, o que é que eu faço pro almoço?" Aí não consigo mais me concentrar tentando decidir entre bacalhau ou frango.
Enfim...
Isto é qualquer coisa do meu dia. Tive vontade de dizer...
E disse.

Corporificando o Texto

Um texto surge a partir de uma frase.
A frase, por sua vez, surge na minha cabeça como uma dúzia de palavras que se auto-combinam ,sem aviso, e de repente ficam apitando lá dentro... Ficam chamando minha atenção para a clara constatação de que tem um texto a caminho.
Algumas raras vezes a frase, é só uma frase. Mas na maior parte dos casos elas se desenvolvem por algumas linhas, tomando corpo e significado.
Existem textos que desde da frase-origem estão fadados a serem somente rascunhos.... Nunca serão publicados, ou ouvidos. Somente eu os sei.
Outros textos, todavia, alcançam o brilhantismo e as vezes são até copiados.
Para escrevê-los não se pode querê-los. Eles chegam até você se for necessário e cabível. Lembro que uma vez eu estava deitado num semi-sono preguiçoso assistindo televisão. Ai de repente veio a frase... Fácil, simples, clara e louca pra virar texto.
A frase era: "Queria falar da efêmeridade da vida"
A partir dela criei "Tic-tac do Eixo Z", um texto que adoro.
Em algumas ocasiões escrevo mais de um texto num só. Isso acontece porque meu pensamento divaga muito longe as vezes e assume vertentes diferentes das primeiras. Mas isso não é ruim. Só é selecionar, copiar, colar e deixar guardado a parte que não se encaixa com o objetivo inicial.
Ali já tenho um texto quase pronto, que irei publicar ou não.
Eu particularmente adoro quando a frase-origem corresponde a uma narrativa. A história começa a se desenvolver inteira na minha cabeça mas raríssimas vezes elas vêm ao papel. O meu problema é que sou incapaz de despender mais do que uma ou duas horas num mesmo texto. Sou incapaz porque textos de diferentes latitudes e cores pipocam dentro mim toda hora querendo ser significados, ser corpóreos. Já tentei algumas vezes escrever um livro mas nunca passo do primeiro capítulo porque surge um capítulo absolutamente diferente que deseja ser escrito. Acabo desistindo de longas narrativas.
Os poemas também vêm em forma de frase-origem. Eu identifico logo que é um poema porque não é só a frase que chega... Todos os versos me acometem de uma vez, nem que seja só os da primeira estrofe. Eles sempre vêm em montes, como se não pudessem existir sozinhos.
Quase nunca rimo. Sou incomum demais para me conformar com rimas e sons previsíveis. Eu não quero que a pessoa que lê os versos consiga adivinhar a palavra que vem a seguir por causa da rima, ou que consiga encontrar padrões nas minhas estrofes.
Por isso que eu não tenho métrica, ritmo ou rimas.
Mas uma coisa é certa... Eu não posso deixar as palavras se auto-combinarem como fazem na frase-origem. As vezes elas se combinam de um jeito convencional demais, ou louco demais e eu preciso reformular tudo. Além é claro do fato que as palavras podem sim formar frases, mas elas só viram texto através da minha forma de organizá-las.
Acreditem, é fundamental ter o controle sobre as enxurradas de palavras que me chegam. Caso contrário elas poderão formar textos dadaístas ou o testemunho de um esquizofrênico.
A única coisa chata é que se você me pedir agora pra escrever um texto sobre o que quer que seja, não serei imediato. Dependendo do humor das palavras elas podem demorar até alguns dias para darem as mãos umas as outras e consituirem sentenças. Mas se eu pedir com jeito, relaxar e meditar sem pressão, elas acabam cedendo e descem daqui de cima até os meus dedos.
É engraçado, que as vezes elas chegam em outro idioma! Aterrisam direto da américa do norte, falando enrolado. Isso é ruim porque eu não sei escrever assim tão bem em inglês, mas as palavras estão lá e se eu não despacha-las, é um problema.
Na verdade, é um problema quando o texto está aqui e eu estou impossibilitado de escrever. Fico como uma represa sustentando mais água do que é capaz. Começo a andar de um lado pra outro, a máquina de escrever na minha cabeça digitando letras e mais letras, os dedos formigam, as unhas são roídas. Depois começa o medo de esquecer tudo e é uma tragédia.
Por isso que tenho sempre um lápis e um pedaço de papel nem que seja para escrever a frase-origem e as palavras-chave.
Ah!
E existem casos em que elas simplesmente se recusam a parar de trabalhar. Continuam descendo, descendo, combinando-se sem parar. Aí eu percebo, meio chateado as vezes, que elas (as palavras) não vão me oferecer nada que constitua um fim.
Nessas horas eu tenho que assumir o controle e ser drástico ao colocar um ponto, do nada e no meio de tudo.
Um ponto, como este.

Academia do Corpo

Fui pra academia ontem. É um lugar com muita testosterona realmente hauhauhauha
Um bando de homens vestindo abadás e empertigados como uma galinha pronta pra voar.
Um monte de homem se matando por um corpo ideal...
Num vou dá uma de intelectual dizendo aquelas coisas como: muitas pessoas sofrem para alcançar um corpo que é na verdade o esteriótipo disseminado por um determinado grupo de pessoas que nos fazem acreditar que aquele é o corpo que se deve ter e não aquele que somos.
Porque tudo que eu disser irá parecer (e na verdade é) uma defesa da minha personalidade que critica aquilo que não pode ser/compreender/aceitar.
Mas o que eu quero mesmo é ter o corpo que as pessoas acham bonito, independentemente se elas o acham porque foram induzidas a achar.
O que eu acho é que grande parte das mulheres com quem converso me dizem que não vão usar aquela cintura alta nem mortas.
O que isso quer dizer?
Ainda que a mídia em sua generalidade imponha determinados conceitos, as pessoas têm o poder de escolher se querem ou não aceitar aquilo que lhes é imposto.
O problema é este: você não pode escolher sozinho.
Essa escolha precisa ser um consenso coletivo.
(e pensando bem, o consenso coletivo é um aspecto que também pode ser manipulado, mas vou deixar isso pra depois pra não me desviar do foco)
Então se o consenso coletivo escolheu e aderiu ao corpo de músculos definidos, então que seja.
Músculos definidos será.
Quem sou eu pra dizer o contrário?
Aliás, essa pergunta é sem sentido. Eu sou muita coisa pra dizer o contrário.
Mas não quero.
Se eu vivo num mundo que é diferente do meu, ou me adapto a ele ou me rebelo. E como rebeldes são vistos como inimigos e hostis porque afrontam o estado de normalidade entorpecente na qual vivem acomodadamente toda uma maioria, vou me adaptar.
É errado isso.
Mas eu preciso, eu quero me adaptar.
Por diversas razões que não justificam nada, mas explicam.
O fato é este.
Está chovendo, tô meio com sono mas eu vou pra academia.
Academia!
Como eu nunca pensei nisso?
Existem academias que trabalham a mente (universidades são lugares acadêmicos) e academias que trabalham o corpo né!
Perai, vou ver ali no google...
[...]
hmm...
A palavra na verdade é uma derivação do nome do lugar escolhido por Platão para ensinar, a "Escola do Jardim de Academo" próximo a Atenas.
Como é então que um lugar que as pessoas reverenciam o corpo e não a mente, é chamado de academia?
Um caso a se pensar.
A se pesquisar.
Mas pensando de um outro jeito. Academias são lugares que nos torna "belos" não é?
Como os deuses gregos!
Ora, então não é tão sem sentido dizer que ali é uma academia afinal hahhaahaha
Se o Jardim Academo era na Grécia e frequentado por belos atenienses, então não deve ser uma coincidência o fato de que o nome da minha academia é "Kronos". Um nome grego para um lugar de origem grega!
Um lugar de função muito deturpada em relação ao original é verdade... Mas não deixa de ser uma grande constatação hahaha
Ainda mais quando o nome remete ao Deus grego do tempo.
Mas isso é uma outra analogia que não estou nem um pouco empolgado em desenvolver.
Então...
Quem não quer ser um Apolo?
Vamos à academia! E quem se importa se é grega ou não!
O que importa é o corpo sarado não é?
Pois sim.
Que ilusão...

Buscando...


equilíbrio.

Por lá... mas aqui


As vezes eu acho que as coisas estão acontecendo sem mim.
É um pensamento muito ruim imaginar que o mundo não sabe que eu existo e que eu posso passar minha vida inteira em completo anonimato.
É tão estranho imaginar que eu nunca vou conhecer aquele cara que nesse exato momento recebeu pelo telefone a notícia que foi promovido, ou então a mulher dele andando apressada para encontrar-se com seu próximo caso extra-conjugal. Ou até mesmo o filho adolescente fumando escondido no quintal da casa.
É tão estranho que exista tantas pessoas no mundo que, queira ou não, compartilham a mesma espécie de sofrimento e alegria, mas que nunca vão se conhecer ou compartilhar experiências.
É como habitar uma mesma casa com alguém que você nem fala ou sabe quem é. Ele está ali sempre, falando ao telefone, tomando banho, vivendo uma vida que, no entanto, não se cruza com a sua... ainda que estejam na mesmo lugar.
O que me mata é que eu sei que existe tantas pessoas incríveis por ai, mas eu estou aqui recluso por uma ou duas rodovias que delimitam onde meu mundo começa e termina.
Já assistiram "Diário de uma Motocicleta"?
Dá vontade de sair por ai mesmo numa motocicleta as vezes. Mas não tenho coragem...
Acho que tudo isso é simplesmente o puro desejo de conhecer uma única pessoa que está lá, perdida nesse mundo de gente. Acho, quase com certeza, que esse sentimento seria saciado se viesse a luz do meu conhecimento, apenas uma, somente uma pessoa que é na verdade aquilo que eu procuro dentre os rostos desconhecidos desse planeta.
Mas ainda assim...
Acho que essas coisas que digo agora, são somente o efeito do clima frio e do céu nublado. Apesar que deve existir um motivo muito concreto pra eu mudar junto com o clima... Sei lá. Só sei que dias frios são cinzas demais!
Queria estar num lugar amplo agora. Algo como uma galeria, um corredor.
O corredor do Louvre talvez...
Ah sim, o Louvre.
Ala Denon. Piso de madeira, paredes claras e alguns séculos de história viva nos rostos a base de têmpera. Ah sim, queria estar lá...
Não por Monalisa. Nem por Da Vinci.
Mas por mim.


Porque é pra lá que eu vou sempre que divago nos dias frios. Não sei porque ou como...
Acho que me fascina o fato de aqueles quadros foram pintados há séculos atrás e ainda permanecem impregnados de vida, de mistério e de um confuso silêncio sepulcral.
Quando eu estou lá (em pensamento) é como se houvesse algum segredo muito denso pairando imperceptivel. Como se todos tivessem parado de falar no exato momento em que cheguei.
Mas isso é apenas coisas sem sentido da minha cabeça.
Existe toda uma vida real por ai.
Real.
E o real, bem... não tem piso de madeira, paredes claras e séculos de história.
Tem somente um chão de asfalto, muros descascados e poucos anos de vida.
Acho que preciso urgentemente de uma longa viagem para latitudes longínquas...

Impulsos Elétricos Transformados

Dizem que a partir dos 25, a influencia que prevalece é a do signo ascendente.
Minha vida vai mudar a partir dos 19.
Daqui pra lá são seis anos.
Eu tinha seis quando aprendi a ler e escrever.
Meu vocabulário aumentou astronomicamente em 13 anos.
Em 13 anos fui e senti muita e muita coisa, mas vivi pouco.
Tenho 19 anos de loucura, equilíbrio e ilusão.
Gosto de tigres, mas prefiro as zebras.
Gosto de verde sem listras e pastel
Tive um shampoo que era duende e um sonho que não aconteceu.
Na lua enxergo o dragão mas nunca são jorge
Gosto de cenoura porque gosto de morder
Mordi demais minha vida toda, seres humanos mordem muito...
Nunca pensei "agora eu vou morrer", mas quase cheguei lá quando subi alto demais em uma árvore uma vez.
Árvore é uma brilhante analogia algumas vezes.
"Alecrim que nasceu no mato de campim dourado sem ser semeaaado..." Lembram dessa música?
Alecrim! xD
Acho muito inquietante saber que entre um e dois existe o infinito
Qual a metade do infinito?
Não é belo uma coisa ser indivizivel pelo fato de que somente existe se for em unidade?
Homogeneidade e unidade são difíceis
Aposto que se quatro não fosse dois mais dois, seria uma cadeira de cabeça pra baixo.
Vale lembrar que não existe pinguins no polo norte, só no polo sul. No norte, é onde vivem os ursos polares.
Aliás os ursos polares são os mais inteligentes dos ursos.
Nunca vi um urso. Você já?
É inconcebível que eu possa viver 100 anos e não conhecer o mundo todo.
Tô em dúvida se eu ligo a guitarra de madonna num mega amplificador ou numa girafa alta-falante.
Deve ser lindo um floco de neve.
Poderia escrever assim aleatoriamente por muito tempo.
Mas...
Ponto final.

Procura-se Desesperadamente

É uma pena que o mundo seja tão grande e eu tão insignificante. Mas levando em conta que este blog pode ser acessado por qualquer pessoa em qualquer lugar da face desse planeta, discorro agora um anúncio para alguém que igualmente, esteja procurando aquilo que é a coisa mais brega, sem sentido e irreal que existe: um amor pra toda a vida.


Procuro deseperadamente alguém que esteja disposto a viver numa casa de vidro perto do mar. Que saiba encontrar a ursa maior no céu a noite e consiga esvaziar minha mente sempre tão lotada de tudo.
Quero alguém que não se importe em ter uma planta carnívora na cabeceira da cama e que acredite quando eu digo que as coisas que estão acontecendo acontecem por causa da proximidade da era de aquário.
Preciso de alguém que passe protetor em mim toda vez que eu sair do mar e que saiba dormir com o mesmo lençol na mesma cama. Alguém cujo meio de locomoção seja um jetpack com espaço para passageiro e que trabalhe numa empresa cujo objetivo é desenvolver felicidade em pó. [E que assim, traga muitas amostras grátis para casa]
Preciso de alguém que esteja olhando e sorrindo pra mim no momento em que abro meus olhos de manhã. Que me irrite ao dizer que os lençois brancos, mais do que os azuis, combinam com a decoração do quarto. Que derrube o vaso de flores ao passar desajeitado pelo corredor. Que saia de casa, mas que volte cinco minutos depois ao perceber que esqueceu a chave.
Necessito de alguém que me olhe nos olhos e diga que odeia muito o fato de que me ama perdidamente. Alguém que desapareça por um dia ou dois e que quando finalmente chega, eu consiga acreditar com todo meu ser em tudo que ele diz. Alguém em quem eu confie.
Quero tanto alguém que eu conheça por completo mas que continua a me surpreender sempre... Que não deixe claro que irá passar o resto da vida comigo, mas que naquele momento só quer estar na minha presença. Alguém que não faça melodramas e que quando perguntado se me ama, responda apenas: "Claro que sim, que pergunta..."
Procuro alguém que dance comigo. Alguém que saiba respeitar minha individualidade e que enalteça o companheirismo. Que me faça raiva as vezes pra que fique sem dirigir-lhe a palavra por um dia inteiro. Alguém que não saiba dar nó no tênis mas que consegue dar um salto triplo escarpado.
Procura-se desesperadamente alguém que seja tudo isso ou não.
Procuro desesperadamente, e pode ser somente assim, alguém que me ame e que eu possa amar também.

Aguardo resposta.

P.S: a mensagem será igualmente enviada em garrafas de vidro dispersas pelo oceano atlântico às onze e meia de um dia qualquer.

Divagações sobre qualquer coisa sem importância

Merda, eu queria escrever muitas coisas aqui... Mas tudo que eu penso acaba parecendo insensato e eu tenho medo que seja mal interpretado.
E realmente eu não consegui ficar longe do meu lindo "age of aquario" hehehe
Aqui eu descarrego tudo.
É bom, mas é um problema também.
E ia ficar sem graça se só eu pudesse ver...
Então... vai assim mesmo né.

Hoje eu desenhei!
"I could taste like Vanilla" hauhauhauha

Num sei porque essa palavra tá me perseguindo agora
vanilla, vanilla, vanilla
vanilla!

Baunilha...
Céu de Baunilha...
Vanilla Sky!
Amei esse filme, é incrível.
Eh confuso, que nem eu hauhauhua

O que vocês interpretam daquele final? Será que ele acordou mesmo anos depois? Ou ele tava acordando naquela mesma rua depois de um sonho muito louco num porre daqueles?
Acho que o "Open your eyes" serviu pra fazer essa confusão né.
Fiquei muito irritado quando vi esse filme no cinema, querendo saber o que tinha acontecido realmente.
Mas a graça desses filmes é justamente a dúvida, pq ai cada um acaba criando seu prórprio final. Não interessa se ele é o certo ou não.
Aliás, o que é o certo não é mesmo?
Tudo nessa vida é uma questão de perspectiva.
Ou, fisicamente falando, tudo depende do referencial.
hehe

Faz tempo que eu tô com essa idéia na cabeça de escrever um livro pra crianças.
Acho que eu tenho pelo menos duas histórias quase prontas:

"Nós três e o cão"
e
"O pé de acerola azul"

hehehehe
mas enfim...
Adoro esse vento que sopra na época do verão.

Acho que eu to viciado nesse computador.
Mas ainda não como nele hauhauhauha
Bom, mas é isso aí.
Só pra voltar ao comando do blog.
:D

Comunicado

leitores deste blog,

Acho que já foi o suficiente né? Chega de de saber o que eu penso.
Então, por enquanto...
Até breve!

De borboleta a largatixa


aiai...
agora estou devidamente renascido.
Num dizem que as vezes algumas pessoas só mudam se nascerem de novo?
então.
Tô até sentindo um vento diferente em mim.
sorte a minha que ainda tem um verão inteiro pela frente e muitas paredes também!
mas agora só levo sol com protetor.
:D


06 - Britney Spears

Astro-rei


Foi tanta luz e brilho que me queimei por inteiro... cada metro quadrado da minha pele, cada metro cúbico do meu sangue, cada infinito sem diâmetro da minha alma.
Agora estou aqui, estático e extasiado...
ardendo de todas as formas dos pés a cabeça.
Aqui, perguntando-me quantas horas dura a noite e quanto tempo o dia é dia.
Querendo tanto pisar na superfície daquele sol, mesmo quando sei que tocar nele é imprudente e letal.
Mas não adianta... Não consigo esquecer porque ele simplesmente está lá em cima brilhando toda hora. Mudo, mas tão cheio de significado.
É uma luz que corrompe minhas verdades, desvenda os labirintos das minhas defesas, e atiça quem esteve adormecido por muito tempo.
Ai...Luz que preenche e esvazia o escuro.
Quero que me rasgue inteiro e me deixe em carne viva porque só assim serei capaz de mostrar ao mundo o que se esconde no revés do meu ser.
Ele é o Sol, o astro-rei e o senhor de tudo.
Ilumina-me, queima-me, dilacera-me, reduz-me a pó.
Para que assim no líquido quente que explode dentro de ti, Sol dos humanos, possa renascer e reconstrui-me pleno.
Pleno de luz.

Dizem que os apaixonados são pré-loucos. (Parte 2)

Los Hermanos - Retrato Pra Iaiá
Marcelo Camelo; Rodrigo Amarante

Iaiá, se eu peco é na vontade
de ter um amor de verdade
Pois é que assim um dia eu me atirei
e fui te encontrar
pra ver que eu me enganei...

Depois de ter vivido o óbvio utópico,
te beijar, e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural...
Eu fui pra aí te ver, te dizer:

Deixa ser, como será!
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar...
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar...

De perto eu não quis ver
que toda a anunciação era vã
Fui saber tão longe,
mesmo você viu antes de mim
que eu te olhando via uma outra mulher
E agora o que sobrou?
- Um filme no close pro fim

Num retrato-falado eu fichado,
exposto em diagnóstico
Especialistas analisam e sentenciam:

Deixa ser como será!
Tudo posto em seu lugar
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.
Deixa ser, como será!
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés,
em preto e branco, em hotéis.
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê

Dizem que os apaixonados são pré-loucos. (Parte 1)

Não dá pra fingir e dizer que nada de tão importante está acontecendo. Se pudesse conseguiria controlar meus passos quando fico andando do quarto pra sala com o olhar vago, pensando sempre a mesma coisa. Se eu pudesse não me deixaria escorregar pela parede até alcançar o chão achando que alguma coisa dentro de mim vai explodir se não for saciada. Saberia mentir como sempre fiz...
Tenho vontade de arrancar o cabelo da cabeça como se pudesse te arrancar também. Não sei me concentrar e meu traço virou curva há muitos dias.
Durmo desse jeito, acordo assim.
Pra conseguir dormir... só quando estou anestesiado é que consigo entorpecer meus sentimentos.
O relógio... o tempo, estão todos dilatados mudando de minuto a cada hora.
Ai eu olho pela janela imagino como você está, o que está fazendo ou simplesmente qual a cor da tua camisa.
Imagino se a tua janela também está aberta...E acho que se eu pensasse muito forte, conseguiria entrar por ela. Penso se o vento está vindo tocar tua pele, vindo desajeitar teu cabelo leve.
Eu olho as fotos, tento te tirar de lá, encontrar uma centelha de vida nos teus olhos... Tento ler tua expressão, entender teus gestos.
Conto os sinais do teu rosto num tentativa desesperada de...
Depois eu não consigo mais parar de te olhar
Começo a abominar o fato de que The Blower's Daughter começa a tocar na minha cabeça. E é tão difícil fazê-la parar...
Me deito no sofá e sou atingido por tempestades de pensamentos e de situações que nunca aconteceram, como se minha mente quisesse de toda forma que elas acontecessem... ainda que somente dentro da minha cabeça.
Sinto as vezes como se estivesse sendo caçado por esse sentimento agressivo e drástico... Ele insiste em me agarrar e me pôr no chão.
nada faz efeito ou tem qualquer impacto se não você. Não existe possibilidade de concentrar-me se não no sagrado pensamento de te imaginar.
Porque é você que povoa minha mente na maior parte do dia
Quem dispara meu coração e me congela
Deve ser você a razão de minha mão estar tremendo
A razão de eu não saber pra onde estou indo e de nem escutar o que os outros estão dizendo...
Deve ser você a garantia de que meu dia não será somente o depois de ontem e o antes de amanhã
É nas asas dos meus pensamentos (que é você) nas quais me agarro e pulo lá de cima... voando para a fronteira que separa o céu do mar, onde existe um azul que ninguém nunca viu
Queria estar de verdade lá em cima com você, só em silêncio. Entrelançado minha essência com o cerne da tua existência, numa reação química estranha e bela que não emite cor ne luz... só vida, amor.
Ai o azul começa a desbotar teus olhos desfalecem, e eu estou me olhando no espelho novamente com a cara de "saí e não sei quando volto"
É você a razão de tudo isso que me acontece
A razão de existir agora um mundo inteiro dentro de mim, completamente diferente do aqui fora.
Deve ser você
Só pode ser você
É você
a razão de eu estar...
(ora, vejam só...)

apaixonado.

Primeiras horas do dia primeiro



Dizem que pra ter sorte no novo ano deve-se plantar alecrim no quintal, equilibrar-se sobre o pé direito ou jogar arroz por sobre as costas.
Esse ano acho que substitui o alecrim por mastruz (com leite), não tenho certeza se entrei com o pé direito (na verdade eu tenho, mas vou deixar assim pra dar mais efeito ao texto hehe) e nem joguei arroz nenhum.
Uma coisa é certa, minha calça não caiu nenhuma vez na noite de ontem, aliás na madrugada de hoje! Isso é um grande feito vamos admitir, porque é difícil encontrar calças 36 que tenham quase o tamanho de 34 hehehe. Na hora que eu coloquei ela senti algo como "um breve vento morno e algumas fagulhas brilhantes" saindo da calça no momento em que vesti. Isso quer dizer que ela me escolheu, claro.
Mas não estamos falando sobre calças estamos?
Bom, ano novo.
Ah, sim... Certamente houve o tradicional show pirotécnico. Oito minutos.
Deu pra sentir o frio na barriga e o nó na garganta. Uma pequena vontade de ser tragado pelas luzes ofuscante que por vezes pareciam nos atingir. Coisa normal para pessoas com tendencias a... hum, tristeza, digamos assim ;)
Pensei em minha mãe obviamente e nem pude deixar de imaginá-la pintando a lua de branco =~~
Mas, passou como sempre passa.
uva passa e ferro também né?
então.
Ai depois tive tudo pra transformar minha primeira madrugada do ano em uma bagaceira completa com direito a (mais uma vez) uma leve (pesada) soneca no meio fio. Mas não...
Nesse ponto devo pedir perdão a meus comapanheiros da noite se estive insuportavelmente chato.
É que finalmente estive consciente das coisas.
Sabe quando Neo, em Matrix, começa a enxergar o mundo todo na forma de números e códigos?
Pois então. Foi o que aconteceu.
Por mais que quisesse me embriagar e esquecer de tudo senti-me como no nível elevado de compreensão do mecanismo das coisas e dei inevitavelmente uma importancia menor a tudo que estava acontecendo ali.
Mas paremos por aqui. Não quero que vocês vislumbrem o fundo deste poço de qualquer coisa que sou. :D
Vamos permanecer na minha superficie.

Bom, ontem foi também um show de banhos de whisky com guaraná. Minha meia meio ensopada, Amanda muito ensopada (kkkkk) e lindinha com o pé muito lascado hehehe.
Rafael finalmente mostrou a genética forte para a bebida e Leticia... bem, ela estava ocupada com assuntos mais urgentes hauauahuauh
Ai mastruz começou a tocar as músicas antigas, as únicas que sei a letra. Foi a hora que deu pra esquecer mais as minhocas andando dentro do meu cérebro, e descontrair um pouquinho. Mas ai lindinha me olhava com a cara de desaprovação, talvez inconsciente, ou então vinha juntar-se a mim no passo que é só nosso.
Muitas idas e vindas para e do banheiro com as meninas. Meu corpo, graças a Deus, trava quando estou fora de casa hahahahha
Comi mais salgadinhos do que todos, até parece que eu não como em casa (como lynda? hehehe)
Ai chegou a hora em que todos já estavam cansados, bebados e com sono (eu cansado e com sono apenas :P). E por volta da hora em que os passarinhos pontualmente começam a cantar (reflexão sobre passarinhos vindo a tona, mas deixemos pra depois hehehehehe) estávamos voltando para campina grande.
Ah! Não disse?
Estávamos em areial em companhia da princesinha de lá heheheh
No carro deu um medinho de capotar e obviamente que eu estava no meio. Porque é muito recomendado que pessoas com pouco mais de 50kg (dois ou tres kg :O) andem sem cinto no meio do banco traseiro. Sim, porque é quase certo alçar vôo carro a fora, caso ocorra algum acidente. Isso é bom né? ehehe
Mas, graças a Deus tudo ocorreu bem.
E graças a Ele lyndinha veio dormir aqui e ela pode me dar um pé de pato (ou de gato?) pra eu pular o muro. Pq já tava sem força pra nada.
Comi torrada, queijo de um reino muito distante e coca.
Aí meu estomago começou a gritar e reclamar. Parei de comer.
Fui dormir no claro com a mente no escuro.

E podem deixar comigo...
Vou pensar duas vezes antes de usar a blusa das formigas novamente kkkkkkkk
vai ver foram elas que sugaram minhas energias né? hehehe
ou o contrário. ;)

Feliz 2008 a todos.
que seja leve.