Romântico na segunda geração



Jogo-me hoje, aqui nesta cadeira, para escrever novamente em mais um retorno nem um pouco triunfal a este blog fadado ao abandono.
A grande novidade é que sofri efeitos de mais uma revolução na minha vida e que tudo que aconteceu entre a meia noite e as quatro horas daquela madrugada repercute até hoje. E na verdade, repercutirá por muito tempo.
O que não é novidade é que sofro disso que foi a grande razão da maior parte dos textos que se pode encontrar aqui. Sofro, logicamente, de amor.
Não tenho vergonha de dizer, porque todo mundo sem exceção vive ou já viveu isso que estou vivendo, embora a frequencia com que isto acontece comigo revele que sou uma exceção de alguma forma. Mas não é isso que vem ao caso, não hoje.
Hoje o que ficará registrado para sempre aqui neste blog é tudo o que estou sentindo agora, que é exatamente a mesma coisa que vou sentir por várias e longas horas.
Não me importa se esse texto será o maior de todos e o mais difícil de se começar a ler. Quero somente me auto confessar nisso que é a expressão mais perto do alto e bom som que consigo alcançar.
Amo. Amo muito, sem remédio. Sou louco, pirado, apaixonado. Morro por amor e vivo de amor. Sou amor até a última gota do meu sangue e até o último verso da minha alma. As músicas que canto são de amor, e as que não são canto apenas pra esquece-lo.
Amo e sou invariavelmente malogrado na minha busca incansável de solidificar esse sentimento... Mas o amor é mesmo líquido, se esvai, não importa onde esteja. E sou burro o suficiente pra acreditar, todas as vezes, que não... que ele está logo ali na ponta dos meus dedos. Mas na ponta dos meus dedos não há nada se não essas letras que digito às pressas com a vontade infame de atirar-me no mundo, sem dono, sem pensar e sem sentir. Jogar-me na multidão, no meio das luzes frenéticas e dos sons corrompidos, e por ela ser tragado, sugado e exaurido. Jogar-me de modo que assim esqueça por alguns segundos apressados qual é a razão daquele lugar ser o meu "ao redor", e daquelas pessoas serem minhas companhias. É disso que tenho vontade aqui nessa hora. Mas não seria mesmo muito tragico derramar lágrimas quando experimento essas línguas que nunca vou falar?
Seria...
É.
Primeiro foram dois. Tres, quatro, dez... Tantos quanto fossem preciso pra esquecer. E acho que isso é como uma droga que você cheira, que você injeta. Precisa de mais, sempre mais, cada vez que por ela você procura...
Ai chega uma hora que 20, 30 ou 40 não fazem qualquer diferença. E você lembra... Ah sim, você lembra...
Lembra das pequenas e borradas imagens das coisas que quase foram mas não são. Depois de ter vivido o nada absoluto por tanto tempo, você finalmente deixa-se cair no meio fio violentamente invadido pelos sublimes pensamentos que há muito tempo não te invadiam. E nesse torpor extasiante que te faz perder as forças e fechar os olhos, você se reconhece. Se encara de frente, como se numa alucinação remanescente do estado esquizofrênico anterior. Olha pra si e vê a pequena parte de si mesmo que você se tornou. Tudo por causa do amor.
Amor?
Loucura.
Amor é uma loucura. Não me venha com a história de paixão... Poupe-me disso.
Mas o pior de tudo... O pior de tudo é quando você permanece no meio fio. Espera que a noite passe em sua intrigante falta de luz, ali deitado, inerte, quase dado por morto. Mas não é mesmo isso que acontece quando amamos e não somos amados? Morremos, porque um amor que não se completa não sabe viver sozinho. Aos poucos cansa, se enfraquece e morre. E se você é como eu, reles ser humano que vive por amor e o respira 60 minutos por hora.... Então você morre.
E a morte é o fim de quem ama. Não é mesmo isso que diz aquele verso?
"Quem sabe a morte fim de quem ama..."
Não é a morte de outra pessoa... Nao nao...
É a morte de si próprio. Porque quem é amor, está eternamente fadado a morrer.
Angústia de quem vive...
Quem vive em solidão, na verdade agoniza. Morre aos poucos...
Morro, de pouco...
A cada segundo que o relógio marca, eu morro.
Desfaleço, sempre que lembro.
E nesse desfalecer, que me deixa nesse piloto automático, ou que me provoca essa bipolaridade repentina, vivo essa quase vida.
hm...
Mas perceba... Entenda bem isso que digo...
Não são essas as confissões que os travesseiros escutam nas noites mal dormidas. Essas não são as lágrimas que as mãos frias dissipam. Não são as palavras recitadas no ombro, nem tampouco são os gestos que se perdem no ar estático de um quarto fechado.
São palavras duras, áridas...
Mortas de sede.
Palavras que suplicam aquilo que...
Aquilo que inegavelmente, não bebem!