Baco... és Baco!
Tu que germinaste em ventre condenado
Que não suportou o peso da ira de Juno
E o extase da luz de Jupiter

Foste tu que nasceste da coxa deste
A quem os gregos chamavam de Zeus
Tu, que és filho da mortal Sémele
Criado no berço das ninfas e das horas

Cresceste sob a sombra
Cercado dos galhos viçosos de vides
Descobriste aqueles maduros cachos de uva
Que com tuas mãos tenazes extraiste o suco

Oh Baco! Desde tua luz foste amaldiçoado
Sobre ti repousava infalível os olhos de Juno
Que ao ver-te aprender o fabrico do vinho
Te condenou à loucura, deixando-te a vagar

Mas as curvas do tempo te salvaram
E foste encontrado por Cibele, mãe de Jupiter
Que te curou do mal que te abatia
E deixou-te a repousar em límpidos campos

Mas se as mulheres não esquecem a traição
A rainha do Olimpo fez dela o seu sol
E mais uma vez te atentou
Fazendo-te prisioneiro de piratas sem escrúpulo

Ora, mas tu és Baco!
Os Deuses te socorreram
Transformaram teus captores em delfins
E tu fizeste florecer a uva perto do mar

Ah! Inebriam-se os homens em teu líquido
Cultua-se teu fruto nos campos
E tua imortalidade é presenciada
Pois morres no inverno e vens renascer na primavera...

Ah Baco! Juno não toca os protegidos de Jupiter
Regozija-te em tua corte de vinho e luxo
Embriaga-te no prazer eterno de Ariadne
Aquela que desposaste na ilha de Naxos

Derrama sobre os homens o vinho
Faz-te sentir na alegria do ébrios
Faz-te escutar nos gemidos dos orgiáticos
e na voz dos bardos que não dormem

Baco...és Baco!
Ouço-te em todos os bacanais
Sinto teu toque leve e quente
A lascivia dos teus lábios

E tudo isso eu vejo, sinto e escuto
Baco, oh Baco!
Somente quando bebo teu vinho
E inebrio-me em teus salões!

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